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domingo, 4 de dezembro de 2011

Novo Protecionismo

 


Até há três anos, a globalização não levantava quaisquer dúvidas entre as elites mundiais, e apenas encontrava resistência em grupos marginais nacionalistas, ora de esquerda, ora de direita, e em alguns países cuja trajectória não coincidia com um modelo tão americanamente capitalista.
Não era para menos. A economia mundial crescia em todos os continentes, o mundo, como um todo, atingia, numa década, um crescimento recorde de quase 5%, e o maior desenvolvimento dos países emergentes permitia que cerca de mil milhões de pessoas fossem resgatados à pobreza, o que compensava claramente alguns excessos de acumulação que entretanto surgiam em países improváveis.
A globalização financeira tinha, assim, antecipado a globalização económica do início do século, com alterações profundas nas geografias, tanto da oferta como da procura, evidenciadas pelos crescimentos a dois dígitos no comércio marítimo, ou acréscimo idêntico no tráfego aéreo. O mundo, dizia-se, seria plano.
A crise do imobiliário americano, o seu efeito de contágio sistémico e a solução renascida de apoio estadual, retirou optimismo ao modelo, refreou alguns ânimos, e lançou dúvidas sobre o modelo de globalização económica, parcialmente responsável pelos ajustamentos que a crise obrigou. Voltou a falar-se em proteccionismo, as trocas comerciais caíram a dois dígitos e a globalização foi momentaneamente esquecida do léxico da moda. O mundo ameaçava voltar a ser curvo.
Três anos depois o que se temia não se confirmou. Afinal, a economia mantem-se na senda do global, os países emergentes continuam a recuperar e o crescimento mundial ultrapassará os 4%. Só o que se não temia, nem previa, ameaça verificar-se. A globalização financeira está a desaparecer.
Inicialmente, por blocos, assente numa guerra cambial que procurou tirar benefícios da retoma exportadora, fase que mereceu debate apurado e discursos apaziguadores. Mas mais recentemente, através de uma guerra bem mais subversiva e opaca, a guerra dos riscos. Nela, blocos económicos, países e bancos centrais, em nome da prudência reguladora, vão criando barreiras à livre circulação dos fundos entre agentes económicos. É o que acontece quando bancos americanos são obrigados a identificar autonomamente os riscos europeus; é o que acontece quando investidores da Europa são obrigados a justificar as suas aplicações em países do Sul; é o que acontece quando bancos centrais europeus impõem restrições financeiras em nome da sua segurança sistémica.
Até se percebe. Mas convém ficar claro que com este novo proteccionismo financeiro não será possível evitar um incontornável proteccionismo económico. A começar na Europa.
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António Ramalho, Gestor

 Notícia apresentada por: Henrique Cardoso Nº11 11ºD

10 comentários:

Filipe Esteves disse...

A noticia põe em causa as aparentes certezas sobre a globalização.
O crescimento económico em todos os continentes, a saída da pobreza de 1000 milhões de pessoas na ultima década parecia indicar que a globalização financeira estava segura.
A crise que rebentou em 2008, levantou duvidas sobre o modelo de globalização económica. A grande queda nas trocas comerciais foi um dos motivos para tal.
Hoje quem escreve a noticia diz que a economia se mantêm global, que o crescimento mundial ultrapassará os 4%, mas que a globalização financeira esta a desaparecer. Estamos a assistir ao levantamento de barreiras à livre circulação dos fundos entre agentes económicos por parte dos diferentes blocos, países e bancos centrais.
Assim vemos os bancos americanos a avaliarem separadamente os riscos Europeus, os investidores da Europa a avaliarem muito cautelosamente os seus investimentos na periferia europeia, e os bancos centrais europeus a porem restrições financeiras em nome da sua segurança sistémica
Este proteccionismo financeiro a manter-se todavia vai levar inevitavelmente a um proteccionismo económico,com todas as consequências para a Europa e para a sua organização económica mas também politica.

Pedro Tomé disse...

Esta globalização económica e financeira com medidas proteccionistas pelo meio, já foi antes combatida e “resolvida”, salvo certas e não menos relevantes excepções como a China. Mesmo com estes percalços pelo meio, a globalização consegue impor-se no mercado e acompanhar as tendências de crescimento económico, mas têm surgido outros problemas que têm impedido as trocas entre agentes económicos, desta forma levando à decadência do livre-cambismo, e aproveitamento dos seus pontos fracos.

Talvez tenhamos que redefinir protecionismo, talvez devêssemos instaurar novos princípios com novas regras, para combater outras formas de protecionismo menos concretas, como a que está explicitada no texto. A meu ver, quando o gestor António Ramalho faz referência á criação de barreiras à livre circulação de fundos entre agentes económicos, exemplificando com casos como, “é o que acontece quando bancos americanos são obrigados a identificar autonomamente os riscos europeus; é o que acontece quando investidores da Europa são obrigados a justificar as suas aplicações em países do Sul; é o que acontece quando bancos centrais europeus impõem restrições financeiras em nome da sua segurança sistémica.”, isto sim, é protecionismo burocrático. Um protecionismo mais difícil de identificar, mais difícil de julgar mas nunca de esquecer ou pôr de parte.

No entanto, todas as ideologias macroeconómicas das últimas décadas, têm andado um pouco trocadas. Penso que hoje, até mesmo os banqueiros não são capitalistas, não acreditam neste modelo, só lhe tiram o proveito, mas se entretanto surgirem problemas passam a idolatrar a intervenção do estado na economia. Tomemos o caso das instituições financeiras, estas que desde a sua existência contestam sistemas políticos associados a um estado socialista, não porque o julgavam como uma forma menos consistente governação, mas sim porque lhes era prejudicial, porque lhes imponha limites e repartições da riqueza criada menos desigual. Passaram a defender, por isso mesmo, o capitalismo e a não intervenção do estado que oferece. Mas incrivelmente, passado poucos anos de rutura financeira, passam agora, por vezes, a dar apoio ao estado social e mais concretamente ao que dele advém, sejam subsídios, regalias ou até mesmo resgate a determinadas empresas, já antes tidas como falidas, mas que o estado intende que não o poderiam ser, porque seria o colapso total.

Pedro Tomé Nº17 11ºD

Mark disse...

A globalização referida no texto foi facilitada pelo Livre-cambismo, doutrina que preconiza a inexistência de barreiras para o Comérico Internacional, ou seja, defendem a sua completa liberalização.

De inicío esta globalização permitiu um grande crescimento, mas assim que esta tendência registou algum declínio, rapidamente começou-se a falar novamente no proteccionismo.

Apesar de se manter esta globalização, hoje em dias, existem certas formas de proteccionismo, não tão óbvias mas que têm necessariamente que ser combatidas. Refiro-me a: “bancos americanos são obrigados a identificar autonomamente os riscos europeus”, “investidores da Europa são obrigados a justificar as suas aplicações em países do Sul”, “bancos centrais europeus impõem restrições financeiras em nome da sua segurança sistémica”… São estas “novas” formas de proteccionismo que têm que ser combatidas.

Por um lado eu até percebo e concordo em parte com António Ramalho,pois o proteccionismo é de certa forma incontornável porque por vezes é mesmo necessário para conseguir manter ou atingir uma boa situação económica. Mas se não forem combatidas essas formas de proteccionismo, a globalização será afectada e a Organização Mundial de Comércio (OMC), não estará a cumprir o seu principal objectivo que é a liberalização do Comércio Mundial.

Mark Alexandre Vaz
nº16 11ºD

Afonso Pedroso disse...

A notícia retracta uma política comercial denominada de proteccionismo, o proteccionismo é um fenómeno que pode ser facilmente reconhecido entre países Europeus, isto é, os países membros da união Europeia tendem a realizar as trocas comerciais, tanto importações como exportações, entre si.

Os países Europeus optam hoje por importar a países do mesmo continente de modo a desenvolverem-se em conjunto e fazerem um esforço comum para o equilíbrio da balança de pagamentos tanto de cada país, como a nível Europeu que é também deficitária.

Na Alemanha, um estudo de Fevereiro de 2009 da Ernst & Young indicou que 78% das empresas de pequeno e médio porte é a favor do Estado adoptar "medidas proteccionistas" para protegê-los da recessão global - um aumento de 43% em relação ao ano anterior.
Este artigo é a comprovação do proteccionismo que se faz sentir, não a nível Internacional, mas a nível nacional (Alemanha), sendo que todos os países aplicam políticas proteccionistas umas mais evidentes do que outras, de modo a proteger e desenvolver as empresas nacionais das estrangeiras.

A notícia refere também a vantagem do livre cambismo com o grande desenvolvimento económico provocado pelo mesmo, a países ditos como emergentes.

Afonso Pedroso Nº1 / 11ºD

João Aragão disse...

A globalização verificada nestas últimas décadas teve como base doutrinária as ideias livre-cambistas - corrente de pensamento que preconiza a inexistência de barreiras para o Comércio Internacional, ou seja, que defende a sua completa liberalização. Tudo parecia correr bem: a economia mundial atingia um crescimento recorde de 5% e o crescimento económico dos países emergentes permitia que cerca de mil milhões de pessoas fossem resgatadas à pobreza. Eis senão quando rebenta a crise do imobiliário nos Estados Unidos, a qual se viria a revelar perigosamente contagiante às outras economias, pondo em causa este modelo de globalização económica e trazendo de volta as ideias proteccionistas. Creio que, nos dias de hoje, é importante olhar para a História para que possamos preparar-nos para o futuro. A crise económica de 1929-1932, também com início nos Estados Unidos, foi sentida de forma intensa em toda a Europa, provocando profundas alterações políticas. O Estado passou a intervir directamente na economia através do apoio às empresas industriais e de medidas de carácter proteccionista. Os Estados europeus fecharam-se ao exterior e implementaram políticas violentamente nacionalistas. Reduziram ao mínimo as suas importações, ao mesmo tempo que, para conseguirem arranjar mercados para os seus produtos, desenvolveram estratégias expansionistas. Estas políticas nacionalistas azedaram em muito as relações internacionais e conduziram-nos ao caminho que foi dar à Segunda Guerra Mundial. Nisto, vejamos, existem algumas semelhanças com a actual conjuntura político-económica. Também a actual crise económica, que começou por ser americana e passou a ser global, está a trazer muitas dúvidas quanto à eficácia deste liberalismo económico. Atentamos ao facto de que, com as recentes eleições em Espanha, desapareceu o último governo socialista na Europa. Vejamos que é em alturas de crise económica, como esta, que ascendem ao poder governos de direita que trazem consigo políticas proteccionistas de carácter nacionalista. E, creio, não é isto que se quer para a Europa! Julgo que a Política tem que prevalecer em relação à Economia. Na actual situação económica, é necessário deixar o Neo-Liberalismo, controlar os mercados e pôr o Banco Central Europeu a emitir moeda, no sentido do aumento das exportações. É inacreditável que meia-dúzia de especuladores consigam estremecer os alicerces daquele que é o melhor projecto alguma vez concebido na História da Humanidade – a União Europeia.

João Aragão, nº14, 11ºD

Tiago Oliveira disse...

Ao longo de toda a notícia vê-se que até à pouco tempo o crescimento económico em todo o mundo era uma realidade, o que era o ideal, pois esta galopagem financeira nos quatro cantos do planeta fazia com que problemas de maior desaparecessem, ou pelo menos, se fossem desvanecendo e não se alastrando. Contudo, toda a gente quer mais e mais dinheiro, numa economia consumida pela posse de poder. Assim sendo, existem países, como o conhecido caso a China, que conseguem exceder todos os limites no que conta à infracção do controlado e querido equilíbrio entre todo o mundo e as economias nele presente. Ideal seria que todos exportassem o que têm a mais e que todos importassem o que neles falta, pois como se sabe, nenhum país consegue satisfazer todas a necessidades da sua população pois não possui recursos para tal, o que é compreensível. No entanto, essa fome monetária e de poder fez com que os países perdessem o respeito nos outros, ou seja, perdessem o respeito na economia mundial, que eles precisam. Um país como a China, em que o próprio estado ( teoricamente uma autoridade de respeito ) ajuda a roubar exportações a outros países, pois produz mais barato, é um exemplo de outros, que provavelmente não sejam tão conhecidos. Nestes países, uma economia opaca ( como foi referido na notícia ) cresceu, fazendo com que o valor das suas próprias finanças e orçamentos se sobreponha aos dos outros, que não têm a capacidade de pagar apenas 60 Euros por mês aos empregados, nem a de os fazerem trabalhar muitas mais horas por dia do que aquelas que realmente deveriam e seria expectável. O estado subsidia as empresas que exportam os produtos a um valor mais caro do que o que vendem no território nacional, de modo a engolir todos os outros países que exportem aquele produto, criando depois um monopólio. No entanto, um monopólio dá dinheiro, muito dinheiro, e este controlo da China, como de alguns outros mais escondidos e, novamente, opacos irá acabar um dia. Estas pessoas, estes trabalhadores que involuntariamente e forçosamente contribuem para esta injustiça comercial irão reclamar os seus direitos quando já tiverem condições monetárias para o fazer, pois como se sabe: Quando há dinheiro, tem que haver direitos. Será só então nesta altura que estes países abrandarão o seu crescimento, devolvendo a outros, as exportações que lhes roubaram.

Tiago Oliveira N21 11D

Anónimo disse...

Com o crescimento da economia acentuado em todo o mundo há três anos a globalização era um processo normal. Mas com a crise esta ideia da globalização começou a ser questionada e o proteccionismo voltou a estar na boca do mundo. Mas não se verificou pois tanto os país emergentes como o resto do mundo estavam perante um crescimento que ultrapassara os 4%.

Actualmente estamos perante um novo proteccionismo, relacionado directamente com a influência do estado e dos bancos nas exportações, através de barreiras à livre circulação dos produtos.

Este pode resultar numa concorrência desleal e falta de competitividade dando assim origem a preços mais elevados para o consumidor no futuro.

Um dos grandes problemas verificados por trás da globalização é a falta de transparência na organização mundial do comércio porque há países que camuflam os incentivos às exportações a partir de fenómenos variados tais como o dumping.

Este novo proteccionismo económico se se vier a verificar estaremos perante uma situação de desconforto económico incontrolável.

Henrique Cardoso

Anónimo disse...

Por um lado esta notícia aborda a globalização, ou seja, tornar o mundo uma aldeia global, onde é fácil fazer transacções com este e aquele país, a globalização permite também criar maiores mercados.
Esta notícia mostra que ao longo dos anos se tem verificado uma instabilidade relativamente ao “crescimento” global financeiro e económico dos países. Ora a globalização financeira dos países é acompanhada da globalização económica que provoca um crescimento dos países, isto acontece geralmente em épocas de prosperidade económica. Ou pelo contrário, em épocas de crise e instabilidade a nível mundial são adoptadas medidas de proteccionismo que faz com que a globalização financeira comece a desaparecer como se pode verificar nesta notícia. A globalização financeira como se pode verificar pela notícia começa primeiramente a desaparecer devido a um “fenómeno” chamado guerra cambial.
As medidas de proteccionismo são medidas que visam a defender o isolamento em termos económicos, ou seja, reduzindo ao máximo a compra de bens e serviços aos outros países ( as importações ), tentando manter contudo as exportações, visto que representam a entrada de “dinheiro” num país.
Por oposição a estas políticas proteccionistas temos as políticas que defendem a liberalização económica, estas medidas geralmente são impostas em épocas de prosperidade económica. As políticas de livre-cambismo visam há não intervenção do estado na economia, ou seja, não devem utilizar instrumentos de política comercial externa.
Esta ideia de liberalismo económico, visto que o mercado pode ser visto como uma aldeia global, onde não existem restrições na venda e compra de mercadorias favorecem os consumidores, na medida em que os preços são mais competitivos, devido há existência de mais produtores.
Inês Moura, nº12

Anónimo disse...

Esta noticia esta contextualizada com a materia que estamos a dar na medida em que retrata a globalização, o livre cambismo e tambem o protecionismo.
A noticia refere que a globalização conseguiu-se impor no mercado, o que deu acesso a um grande crescimento economico,mas este mais tarde registou um declinio. Verificando-se alguns problemas relacionados com as trocas entre os varios agentes economicos e livre-cambismo.
Neste contexto surgem novas formas de protecionismo.

Vasco Soares Nº22 11ºD

Anónimo disse...

Esta noticia é cada vez mais actual,a ideia da globalização e do comércio livre,liderada pelos países mais desenvolvidos e gerida pela OMC(Organização Mundial do Comércio), esta cada vez mais a perder o impacto.

A globalização é um fenómeno social que ocorre em escala global. Consiste numa integração de carácter econômico, social, cultural e político entre diferentes países.

A globalização é oriunda de evoluções ocorridas, principalmente, nos meios de transportes e nas telecomunicações, fazendo com que o mundo “ encurtasse” as distâncias.

Inicialmente, como se refere no texto, a globalização alcançou resultados extremamente positivos como o crescimento da economia mundial de cerca de 5%, e o desenvolvimento estonteante dos países emergentes permitindo o "resgate" de cerca de mil milhões de pessoas da pobreza.

Mas com o acontecimento da crise do imobiliário americano e a guerra cambial, foi-se formando duvidas sobre este sistema o que levou aos países a criarem medidas proteccionistas que apesar de não serem tão relevantes e de grande impacto como eram antigamente como por exemplo, o embargue dos produtos ou taxas tarifárias, desfazê-se lentamente a ideia da globalização abrindo portas para um novo proteccionismo como refere o texto e apresenta factos como os "bancos americanos que são obrigados a identificar autonomamente os riscos europeus, quando investidores da Europa são obrigados a justificar as suas aplicações em países do Sul e também quando bancos centrais europeus impõem restrições financeiras em nome da sua segurança sistémica".

Sebastião Mendonça Nº20