A economia é o motor da sociedade

segunda-feira, 12 de março de 2012


A ministra da Agricultura diz que recebe muitas queixas dos produtores sobre o desequilíbrio de poderes entre a distribuição e os produtores nacionais. 



A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, admitiu hoje de manhã no IV Congresso da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição que “ainda recebemos queixas, quase sempre do lado dos produtores, de que o poder não é equilibrado” no relacionamento entre a distribuição e os produtores nacionais.
Assunção Cristas afirmou que “os produtores sentem que são esmagados e não conseguem vender os produtos a preços razoáveis”.
À margem do congresso da APED, Assunção Cristas voltou a salientar a necessidade de ser implementado um código de boas práticas que torne o relacionamento entre a grande distribuição e a indústria equilibrado.A governante acredita que será possível ter este documento assinado por todos os protagonistas ainda no primeiro trimestre do ano.

Notícia apresentada por: Tiago Oliveira

17 comentários:

Filipe Esteves disse...

A ministra da Agricultura diz que recebe muitas queixas dos produtores, o que me parece que não é motivo de admiração.
Com efeito quem produz é esmagado pela rede de distribuição, que tira para si uma parte substancial dos lucros.
Para verem os seus produtos comercializados,os produtores sujeitam-se às condições dos intermediários.A não aceitação das ditas condições pode implicar o não escoamento dos produtos.E muitas vezes ficamos a saber que as grandes superfícies impõem aos produtores prazos de pagamento e preços mais baixos fazendo cair sobre os que produzem os descontos que são depois efectuados nos hipermercados.
Ou seja,são os intermediários que parece que mais uma vez lucram mais.Ora desta forma não é nem estimulada a produção nacional nem uma distribuição mais justa da riqueza.

Mark disse...

Em Portugal, há um grande número de produtores agrícolas de pequena dimensão. Os grandes distribuídores como é o caso do continente e o pingo doce, entre outros, aproveitam-se deste facto. Dado que têm mais poder, conseguem impor aos produtores o preço que querem, ficando os produtores sem lucro, o que leva-os a fazerem, as tais queixas de que fala a noticía.

A ministra da agricultura, apresentou como solução (através de uma política sectorial orientada para a agricultura), a implementação de um código de boas práticas, o que a meu ver não é uma boa solução, pois os distribuídores hão de conseguir arranjar maneiras para contornar este tal “código”, caso consigam que este documento seja assinado por todos os protagonistas.

Na minha opinião, a solução, está nos próprios produtores e é o associativismo. Os produtores têm que se unir para conseguirem ter mais poder e enfrentar assim os grandes distribuídores. Embora, na minha opinião, esta seja a medida mais eficaz, ela necessita de uma alteração da mentalidade por parte dos produtores o que infelizmente parece-me dificíl dado as características dos portugueses e a falta de tradição do associativismo.

Mark Alexandre Vaz
Nº16 11ªD

Anónimo disse...

A afirmação da ministra da Agricultura já era previsível, na medida em que cada vez mais verificamos uma diferença entre os poderes dos produtores e dos distribuidores.
Os produtores realmente sendo eles muitos e de pequena dimensão não conseguem impor preços ou sequer negociá-los de forma a lhes serem favoráveis. Pois as grandes empresas de distribuição ''têm muito por onde escolher" e se um dos há de existir um produtor que prefira vender mesmo que tenha prejuízo ao invés de não vender. Assunção Cristas salienta assim a necessidade de um código de boas práticas que torne o relacionamento entre a grande distribuição e a indústria equilibrado, no entanto isto nunca irá ser possível enquanto os produtores não se afirmarem. As empresas de distribuição cada vez mais impõe preços muito desfavoráveis aos produtores, mas vendo-se estes obrigados a aceitar ficam desencorajados a continuar a produzir, destruindo assim a economia portuguesa.
Para corrigir estes desequilíbrios, os produtores devem adoptar medidas de complementaridade de forma a diminuir os custos de cada pessoa, dividindo assim infra-estruturas, máquinas etc.

Henrique Olim Cardoso

Afonso Pedroso disse...

O retalho é um negócio extremamente lucrativo, actualmente, apesar da crise que Portugal está a atravessar, que tem como efeito a descida dos preços, seria de esperar que estes diminuíssem juntamente com a margem de lucro dos bens, no entanto, os hipermercados, pela sua grande dimensão e poder negocial, mantém as suas margens e exigem uma redução do custo de venda do produto por parte do produtor.

Este fenómeno tem criado uma certa indignação por parte dos produtores, havendo iniciaticas por parte de alguns em não vender pelo preço estipulado pelos hipermercados, no entanto há sempre um produtor que é forçado a ceder às suas exigências.

O poder das empresas de retalho é muito superior ao pequeno poder dos produtores, e este facto é justificado não só pelo poderio económico destas empresas como também pela existência de uma associação que defende estas empresas de retalho, a APED, tem como objectivo a livre concorrência,.não sendo no entanto produtivo para os produtores nacionais, já para os produtores estrangeiros com explorações de dimensões superiores têm condições de comercializar os mesmos produtos a preços mais competitivos.

A Sra Ministra da Agricultura Assunção Cristas tem conhecimento deste facto e apesar disso, fica-se pela sugestão da criação de um “código de boas práticas” para os negócios entre produtor/distribuidor, pelo que as criticas de incompetência que muitos agricultores têm feito à actuação da Ministra podem fazer agora algum sentido.

Na minha opinião sendo a produção agrícola nacional insuficiente para o abastecimento de toda a população portuguesa, acho que o Estado e em particular a Ministra da Agricultura deveriam ter um papel mais activo no apoio ao produtor. Incentivando a produção através de medidas como a criação de infra-estruturas de apoio à produção e a criação de um plano agrícola nacional que fosse mais ao encontro das necessidades agrícolas nacionais e estipulando uma razão entre o bem e o preço desse mesmo bem de modo a evitar que quer o produtor quer o consumidor possam sair lezados.

Afonso Pedroso Nº1 / 11ºD

Anónimo disse...

A notícia anteriormente evidenciada faz referência ao problema dos produtores agrícolas, na venda dos seus produtos. Em Portugal, existem agricultores de pequena dimensão, que tentam vender os seus produtos para o mercado nacional, e para isso, têm de se sujeitar as condições impostas pelos intermediários. Desta forma, os grandes distribuidores impõe aos agricultores preços muito desfavoráveis, vendo-se estes obrigados a aceitar, acabam por não obter lucro, visto que, o valor dos custos de produção é maior que o valor obtido na sua venda.

Vasco Soares Nº22

Anónimo disse...

A ministra da Agricultura diz que recebe muitas queixas dos produtores sobre o desequilíbrio de poderes entre a distribuição e os produtores nacionais,devido há existencia de um grande número de produtores agrícolas de pequena dimensão, o que faz com que os grandes distribuidores como o Coninente, o pingo doce e o intermarche por exemplo, aproveitem essa siuação impondo aos produtores o preço que querem, ficando os produtores sem lucro, o que os leva a fazerem, as tais queixas de que não conseguem vender os produtos a preços razoáveis, e se sentem esmagados de acordo com a noticía.
Por isso mesmo a ministra da Agricultura implementou um código de boas práticas que torne o relacionamento entre a grande distribuição e a indústria equilibrado, ou seja, implementou uma política sectorial orientada para a agricultura.



Afonso Limão Nº2

Ricardo disse...

O que a notícia nos traduz é o facto de os distribuidores terem uma grande dimensão ao contrário dos produtores (que têm uma pequena dimensão) o que leva a uma imposição dos preços por parte dos grandes distribuidores. Na minha opinião, a melhor solução estaria no associativismo entre os produtores de modo a existir a diminuição dos custos. Isto faria com que os produtores ganhassem "poder" e conseguissem negociar os preços de modo a não ficarem a perder (como normalmente acontece).

Ricardo Pereira nº18 11ºD

carolina barros disse...

Na minha opinião, o problema da agricultura portuguesa já data do tempo em que a União Europeia impôs quotas à produção nacional. A partir dessa altura, a produção nacional começou a decair e o processo de modernização estagnou. Por um lado, a abertura do mercado europeu impôs logo à partida uma concorrência desleal aos agricultores nacionais, por outro a globalização agravou ainda mais a situação.
Neste momento, será muito difícil os agricultores portugueses colocarem os seus produtos, no mercado nacional, a preços competitivos.
Assim, a implementação de boas práticas, não será uma tarefa fácil, já que os distribuidores optarão sempre pelo mais barato.

Pedro Tomé disse...

Os hábitos de consumo sofreram uma completa renovação, deixámos de visitar os mercados municipais e partimos para as grandes superfícies pensando que essa mentalidade consumista que nos têm incutido não teria repercussões. Hoje podemos olhar para esse passado com um sentido crítico, uma das poucas vantagens que a crise nos fez valorizar. Sem problemas financeiros, sem cortes nos subsídios, sem congelamento dos salários, sem o aumento do IVA jamais poderíamos reparar no quanto pouco racional o nosso consumo tem sido. Em momento algum considero que é bom estarmos em crise, mas não posso deixar de salientar que nos tem obrigado a remexer no que achávamos passado e nos tem surpreendido por aquele estado de embriaguez do qual alguns ainda não acordaram. Ainda há poucas décadas abastecíamo-nos nos mercados ou mercearias onde comprávamos os melhores produtos que nos encantavam pelos seus aromas e sabor, hoje nos hipermercados, encantam-nos as embalagens dos produtos, a publicidade, os descontos e até a forma como estão dispostos, podemos mesmo dizer que tudo nos maravilha, com exceção ao próprio produto. Estes gigantes que dominam o consumo dos portugueses conseguiram criar dimensão económica, favorecendo assim das economias de escala, e ao mesmo tempo poder no mercado, no qual têm uma influência impensável sob o preço dos bens. Ao passo que a concorrência da atividade retalhista desapareceu, sobrando apenas titãs como o Pingo Doce (Jerónimo Martins) ou Continente (Sonae) , a produção agrícola pouco ou nada se desenvolveu. Vemos alguns casos de sucesso como o da pera rocha do Oeste, a Cereja do Fundão ou a vinicultura/ olivicultura, mas a maior parte dos produtores estão ainda desatualizados, não conhecem os processos produtivos mais eficientes, baseiam-se em dados meteorológicos pouco credíveis e não sabem como escoar os seus produtos. No entanto, relativamente à produção biológica verifica-se uma tendência inversa, estes agricultores, ao contrário de outros que baseiam as suas previsões de cariz meteorológico nos telejornais, os de produção biológica fazem a sua recolha de dados no site da NASA. Poderia aqui evidenciar muito mais características que diferenciam os métodos produtivos de ambos, mas penso que este, embora muito específico, retrata de forma mais carismática o estado em que andam as coisas.

Voltando à centralidade de há pouco, no que se refere à diferença entre produtores/ distribuidores, a política agrícola comum foi um outro fator que agravou o problema, na medida em que estimulou a não produção, o que foi um obstáculo planeado mas com dimensão trágica para o desenvolvimento do setor. Com isto resta-nos retirar as consequências. Se por um lado o produtor agrícola perdeu força e importância no mercado, o distribuidor aproveitando-se disso e da sua imponência encontrou “a galinha dos ovos de ouro” ainda com a agravante de que passou a ser este a desempenhar a função de grossista, armazenando os produtos, tratando-os e embalando-os, retirando este acréscimo de valor a outras empresas para poder reduzir ainda mais os custos de produção. Embora possamos pensar que os produtos alimentícios nos chegam a um preço irrisório quando comparados com tempos mais antigos, a verdade é que isso somente acontece fruto da importação, tal como a situação dos têxteis (embora com menos impacto, pois o consumidor exige mais qualidade e segurança nos alimentos do que no vestuário) e ao mesmo tempo resulta da pressão incutida nos pequenos produtores para que vendam os seus produtos a preços insustentáveis.

Continuação..........

Pedro Tomé disse...

As soluções que me parecem mais adequadas para corrigir este problema estrutural do setor passam pela associação de agricultores, de forma a que se possa tornar a relação entre produtor/ distribuidor mais justa e mais benéfica para o consumidor, visto que a associação de pequenos produtores faz com que estes negoceiem com mais poder, possam partilhar infraestruturas, máquinas, métodos de produção e discutam assuntos como a PAC em conjunto, tal como deve ser promovida a formação profissional.

Como não podemos levar esta medida à exaustão, pois seria uma drástica mudança no mercado em termos de concorrência, o passar de uma concorrência monopolística para uma situação mais próxima de oligopólio, temos que fazer também que o mercado distribuidor não seja composto por tão poucas (grandes) empresas, temos que abrir as barreiras à entrada de novas e investir na reabilitação dos mercados municipais, tendo como exemplo o mercado de tires onde se realizam feiras de pequenos e médios produtores, pois é aquele que se encontra talvez mais próximo da nossa comunidade, caso queiramos considerar outros com maior escala temos como exemplos o mercado da Ribeira (Lisboa) e do Bolhão (Porto), despertando a atenção dos hipermercados para as falhas que estão a cometer. Mas isto não depende exclusivamente do governo ou dos produtores, faz também parte da consciência dos consumidores estarem mais atentos a estes fenómenos, estabelecendo como critério de preferência o que é português (que valha a pena) e sobretudo ter maior preocupação com a análise informativa dos produtos.

Para terminar, deixo também uma nota positiva às exportações nacionais fomentadas pelo Estado, que servem como pretexto de competitividade que, por sua vez, assustando os hipermercados, dado que a abertura dos produtos nacionais ao exterior constitui um aumento da procura (dos compradores estrangeiros) resulta num aumento dos preços dos produtos ao dispor das grandes superfícies, fator do qual as cadeias distribuidoras não se podem descurar pois ficariam com escassez de produtos portugueses nas suas prateleiras para consumidores que exigem o que é nacional, não indo desta forma ao encontro da satisfação das necessidades dos consumidores com que tanto se preocupam, já que os produtores, esses, são postos de parte.

Pedro Tomé Nº17 11ºD

Anónimo disse...

Com esta notícia podemos ver que a nossa agricultura ainda se encontra muito debilitada no que diz respeito à associação entre agricultores, pois ainda não existe o associativismo necessário para os agricultores fazerem frente às grandes superfícies ( por exemplo ). Podemos comprovar isto quando na notícia é referido que “os produtores sentem que são esmagados e não conseguem vender os produtos a preços razoáveis”.
Ou seja, é necessário que os agricultores se associem mais, para se tornarem mais fortes, porque só juntos é que vão conseguir ter “voz” para poderem combater as empresas que estão interessadas em comprar um determinado produto.
Por outro lado, com esta notícia podemos também ter a perceção de que a ministra da agricultura, para combater este mesmo problema quer implementar uma política sectorial, nomeadamente, ao nível da agricultura.
Contudo, eu acho que estas medidas que a ministra quer implementar não são suficientes, pois as grandes empresas irão conseguir sempre “virar o jogo de modo a fazerem checkmat “, ou seja, no jogo procura VS oferta as maiores empresas vão ter sempre hipótese de fazerem alguma coisa para atingirem o seu objectivo, lucrar.
Inês Moura

Jorge favinha disse...

Em Portugal a agricultura está cada vez mais a perder a sua importância económica.
Como tal os agricultores perdem a sua "voz" no mercado agrícola. Com poucos apoios, estes já não têm o poder de ditar os preços dos seus próprios produtos.
As entidades reguladoras e o ministério da agricultura está a falhar com quem deveria ser apoiado, pela sua perda de importância, logo também perdem rendimentos. Na minha opinião, por mais que insistam, acho que vai ser muito difícil conseguir equilibrar os papeis entre produtores e os distribuidores em Portugal, devido à nossa condição financeira.

Filipe Elvas disse...

Esta notícia não surpreende ninguém pois, os agricultores de pequena dimensão irão sempre sair prejudicados porque não têm poder suficiente, em comparação às grandes empresas de distribuição (Continente, Minipreço, entre outras), para ditar os preços. Em consequência desta situação, os agricultores vendem os seus produtos por um valor muito baixo, sem conseguiram obter lucro. Uma solução para resolver este problema é o associativismo, ou seja, os agricultores de pequena dimensão juntam-se para criar uma cooperativa, e assim conseguiam ter mais “voz”, quando chega altura de negociar os preços. Isto traduziria a que os pequenos agricultores conseguissem vender os seus produtos a preços mais razoáveis.
A Sra. Ministra apresenta outra solução que é um código de boas práticas entre a distribuição e a indústria. Esta solução pode vir ser benéfica para os agricultores, se ambos os protagonistas cumprirem o acordado, o que não me parece que isso seja o que vai acontecer. Eu acho que as grandes empresas de distribuição com o seu grande poder e influencia irão conseguir dar a volta ao acordo e voltam à mesma situação de antes. Claro que eu espero que isto não aconteça caso esse acordo seja assinado.
Para concluir o meu comentário só quero dizer que a Sra. Ministra esperava que este código de boas práticas fosse assinado no primeiro trimestre do ano. Pois, nós já estamos no primeiro trimestre e ainda não vi nenhum código assinado. Isso quer dizer que os protagonistas ainda não chegaram a acordo e a minha opinião é que nunca irão chegar a algum acordo.

Tiago Oliveira disse...

A agricultura portuguesa apresenta vários problemas. Actualmente, a população agrícola é bastante idosa, o que faz com que, para além da não transmissão de conhecimentos aos agricultores jovens, não surge a ideia de agregação ou cooperativismo. Este sector depara-se com um estado climático actualmente algo adverso, o que dificulta as suas produções e retorno ao investimento anteriormente realizado.
Outro aspecto importante traduz-se no facto de, actualmente, bem como, desde há algum tempo, os agricultores depararem-se com o pagamento de dívidas, provenientes de medidas de antigas PACS (Política Agrícola Comum) inseridas em Portugal, que não abonaram a favor dos produtores agrícolas quando aplicadas.
Concluindo de um modo breve os problemas, focar-nos-emos do inserido na notícia, remetendo este para o facto do número de produtores ser exponencialmente maior que o número de distribuidores. Em Portugal, existem 5 principais distribuidores de produtos agrícolas e não só, eis o Continente juntamente com o Modelo, Pingo Doce, Intermarchê, LIDL, Minipreço e, por último o Jumbo. Teoricamente, ou seja, diga-mos assim, numa situação perfeita de mercado, todos os produtores deveriam ter a sua necessidade principal satisfeita, consistindo essa na distribuição dos seus produtos, mas este fenómeno não acontece.
Dado o facto do número de distribuidores ser demasiado pequeno, sendo este o único rumo a quem os agricultores podem destinar aos seus produtos, os mesmos conseguem determinar o preço a que querem comprar o bem ao produtor. Quando acontece a situação de um distribuidor propor um valor de compra a um agricultor, mesmo sendo esse demasiado baixo, a ele restam-lhe duas soluções: vende os seus produtos agrícolas àquele preço, ou simplesmente não vende, pois o distribuidor não vai ceder, dado ter inúmeros outros produtores a que pode apresentar o mesmo valor e conseguir o mesmo bem. Sabendo à partida que um terreno de produção é uma fonte de rendimento, tendo este de estar sempre em produção (excepto em períodos de pousio), a única saída para o produtor é vender ao preço proposto. Contudo, esse preço, não só não satisfaz o agricultor, não lhe oferecendo receita, como nem sequer cobre os custos de produção e o investimento criado para a mesma.
Desta forma, é perceptível que a agricultura portuguesa esteja praticamente estagnada e sem registar qualquer evolução, bem como, o facto de não existirem jovens a quererem enveredar por este ramo de actividade.
A solução para estes problemas passa pela aplicação de uma política estrutural sectorial agrícola, que fomente o cooperativismo, o espírito de associativismo e a partilha entre produtores.

(continuação em baixo)

Tiago Oliveira disse...

(continuação)

Com a criação de associações ou cooperativas agrícolas, o número de produtores torna-se menor, aproximando-se assim cada vez mais do número de distribuidores, o que faz com que, os agricultores façam em grupo surgir poder negocial, não se subjugando às medidas e preços sugeridos pelos distribuidores. Com o cooperativismo, pode surgir também a partilha de métodos de produção, bem como de meios desta e mão-de-obra. Desta forma, os custos registarão um decréscimo, pois derivada da discussão surgem diferentes e melhores medidas a aplicar em cada terreno agrícola.
A investigação agrícola é importante e útil, para o desenvolvimento deste sector em Portugal, contudo, se a esta for feita e ninguém usufruir da mesma, essa foi feita em vão, ou seja, é necessário motivar os agricultores neste sentido, bem como jovens a ingressarem neste sector.
Isto faria com que a produção fosse maior, ou seja, Portugal sustentaria de uma melhor forma a sua população, não surgindo no país a necessidade de importar produtos ao Resto do Mundo.

A agricultura em Portugal, bem como toda a estrutura económica neste país, necessita de uma mudança radical, ou seja, é necessária a aplicação de políticas de nível estrutural em vários sectores, pois alguns ramos encontram-se em estado irreversível. Por outro lado, estas políticas são de difícil aplicação, pois podem trazer demasiados e diversos interesses consigo. Portugal tem de conseguir mudar a sua mentalidade, sejam os Agricultores, sejam os Professores, sejam os Estudantes, seja o Governo.
Relacionando um pouco com outras matérias, é possível referir que a complementaridade, que tal como falta nas cidades portuguesas, é padecida também na agricultura em Portugal, surgindo aqui a conhecida ideia de que se uma localidade, por exemplo, oferece uma função ou serviço aos seus habitantes, a cidade fronteiriça, sente-se na obrigação de o oferecer também, por motivos eleitorais, ao invés de oferecer por exemplo, uma outra função, a fim que, as duas se complementassem, faz com que um número considerável de fundos, sejam esses comunitários ou nacionais, apliquem-se sem qualquer tipo de fruto ou retorno. Concluo referindo que existem algumas cooperativas agrícolas de sucesso,cujos casos são conhecidos, seja a nível nacional ou internacional, contudo, no que conta aos produtores individuais, poucos ou nenhuns são os casos, sendo a solução apresentada como uma das únicas possíveis que consiga modificar estruturalmente a agricultura portuguesa, invertendo deste modo a sua situação actual.

Tiago Oliveira N21 11D

João Aragão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Aragão disse...

Com a integração no espaço comunitário, em 1986, Portugal, no âmbito da atribuição de fundos de apoio para o sector agrícola, beneficiou a partir dessa altura, e até finais de 1998, de mais de 7500 milhões de euros. Estes incentivos, ainda que nem sempre convenientemente usados, permitiram desenvolver um esforço de modernização no sector que passou pelo investimento na mecanização, pela promoção do emparcelamento das pequenas explorações e pela formação profissional dos agricultores. Estas transformações são, no entanto, responsáveis pelo aumento do desemprego nas áreas rurais e, sobretudo, pela dificuldade no escoamento dos produtos. Numa sociedade em que os hábitos de consumo se alteraram radicalmente e os consumidores deixaram de ir aos mercados municipais e passaram a ir aos grandes hipermercados, torna-se cada vez mais premente olhar para o desequilíbrio na relação entre os distribuidores e os produtores nacionais, com vista a atenuar os seus efeitos. As dificuldades sentidas pelos produtores agrícolas em vender os seus produtos a preços razoáveis resultam, precisamente, do facto de não conseguirem escoar os seus produtos. Assim, como único caminho para assegurar o escoamento dos seus produtos, optam por vendê-los aos grandes distribuidores, como Pingo Doce ou Continente, sujeitando-se aos preços por estes estipulados, que são habitualmente pouco justos. Desta feita, torna-se complicado obter receitas que cubram os custos de produção, fazendo com que muitos agricultores deixem de produzir. A Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, voltou a advogar a implementação de um “código de boas práticas” que torne o relacionamento entre a grande distribuição e os produtores nacionais mais equilibrado. Julgo que a solução para este problema não passará por aí, uma vez que os grandes e mais poderosos conseguirão sempre, como em tudo, impor-se aos mais pequenos, contornando, de alguma forma, o tal “código de boas práticas”. Penso que a solução para este problema passará mais pela aposta no cooperativismo, como meio de progresso e equilíbrio de poderes na relação entre produtores e distribuidores. Julgo ser a única forma de evitar a acção abusiva dos intermediários e, assim, garantir o escoamento dos produtos a preços razoáveis. No entanto, face ao carácter individualista dos agricultores portugueses, a tentativa de organizar os produtores agrícolas em cooperativas não tem surtido resultados significativos.

João Aragão, nº14, 11ºD