"Não admito recorrer ao FMI", assegurou hoje o primeiro-ministro, destacando que a aprovação do OE é uma boa notícia para os mercados.
"Portugal não precisa de ajuda nem assistência para resolver os seus problemas", afirmou José Sócrates em entrevista à TVI, quando questionado sobre a hipótese equacionada por Teixeira dos Santos, de Portugal pensar em pedir ajuda ao FMI quando, e se, os juros da dívida pública portuguesa chegassem aos 7%. Hoje, fecharam muito perto dos 6,3%.
O primeiro-ministro sublinhou que não concorda com "os que estão sempre a falar do FMI e não escondem a vontade de que venha" porque "isso seria prejudicial para o nosso país", argumenta.
Na mesma ocasião, Sócrates disse que "temos condições para nos financiarmos e lutaremos por isso" e acrescentou que "não me preocupa a popularidade nem qualquer cálculo político, apenas a situação do País".
O primeiro-ministro destacou ainda que está a dar o seu melhor "para defender o País" e que "nunca ninguém me irá ouvir que o País está de tanga ou com as calças na mão".
Aprovação do Orçamento "é uma boa notícia para os mercados"
Sobre a aprovação da proposta de Orçamento do Estado para 2011, com a abstenção do PSD, o chefe de Governo defende que "é uma boa notícia para os mercados", oferecendo-lhes a garantia de que "Portugal está determinado em reduzir o défice".
Questionado sobre a subida dos juros da dívida de Portugal, no dia de hoje e ontem, Sócrates argumenta que "as razões não têm a ver com Portugal, porque também subiram os juros da Grécia e da Irlanda" e que "sem a aprovação do OE, os juros teriam subido mais".
O primeiro-ministro repetiu também que Portugal vai "cumprir exactamente os objectivos a que nos propusemos este ano, de um défice de 7,3%" e lembrou que neste momento, "a principal questão económica é o ajustamento orçamental que permita o financiamento da nossa economia".
Dividendo extraordinário da PT? "Não seria moralmente aceitável"
Sobre a política de remuneração dos accionistas anunciada hoje pela Portugal Telecom, o primeiro-ministro afirmou que a sua posição "é a mesma do ministro das Finanças", que comentou hoje a intenção da PT de pagar ainda este ano um dividendo extra aos accionistas.
"Não seria moralmente aceitável que a PT fizesse isso antes da entrada em vigor da nova lei", disse Sócrates, no mesmo sentido do que afirmou Teixeira dos Santos horas antes, de que "há uma diferença entre pagar os dividendos este ano e pagar no próximo ano".
É que, "se pagar já vai beneficiar de um conjunto de isenções fiscais que para o ano já não estarão em vigor tendo o orçamento aprovado, daí poder de facto transmitir essa ideia de que está a fugir ao pagamento de impostos no próximo ano", explicou Teixeira dos Santos.
Em entrevista à TVI, José Sócrates descartou ainda mexidas no Governo. "Sou eu que decido [uma remodelação]. Eu não entendo fazer uma remodelação governamental", afirmou.
Sócrates critica Roubini nas entrelinhas
Numa crítica a "muitos que só prevêem a crise depois dela acontecer", José Sócrates também disse que "ninguém previu esta crise" e que o Executivo por si liderado está a "conduzir uma governação muito exigente, muito difícil, num mar muito turbulento".
O primeiro-ministro deixou também a garantia de que os 500 milhões necessários para atingir a meta do défice no próximo ano, resultantes do acordo com o PSD, não serão conseguidos do lado da receita, até porque, assegurou, "este OE não prevê nenhuma receita extraordinária".
É por isso que, disse Sócrates, "os 500 milhões não serão em receita extraordinária. O que vamos fazer é cortar na despesa pública primária em todas as áreas, um pouco em todo o lado"
Pedro Tomé Nº18 10ºD